terça-feira, 23 de julho de 2013

História da ABCCC

Primeira comissão de inspeção e integrantes da diretoria (em 1932)
A história da ABCCC teve início um pouco antes de sua fundação. Em 1931, alguns fazendeiros e estancieiros do Rio Grande do Sul, empolgados com a ideia de reerguer e padronizar o cavalo crioulo começaram a fomentar o objetivo de constituir uma entidade dedicada exclusivamente a raça.
O ideal começou a ser bem aceito no Rio Grande do Sul, vindo a tomar forma em uma tarde de verão do dia 28 de fevereiro de 1932, na Associação Rural da cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul. A cidade da campanha gaúcha teve primeira sede da entidade, embora por pouco tempo. Logo após a fundação, a cidade de Pelotas/RS foi escolhida para sediar a ABCCC. Isto ocorreu porque a Associação do Registro Genealógico Sul Rio-Grandense situava-se também em Pelotas.
Assinaram a ata de criação da instituição 22 homens de visão, que uniram suas forças para começar a resgatar e difundir a raça Crioula. São sócio-fundadores da ABCCC os senhores Belisário Sá Sarmento, Benjamim Constat Keller, Cypriano Munhoz Filho, Guilherme Echenique Filho, Januário Dias da Costa, João Alfredo da Silva Tavares, João Macedo Dornelles, João Magalhães Vieira, João Paes Vieira, José Alves Vieira, Julio Paixão Cortes, Leonardo Brasil Collares, Leônidas de Assis Brasil, Luiz Dias da Costa, Manoel Luiz Martins, Marcial Terra, Mário Sá Brito, Octávio Adalberto Esteves, Oliverio de Vasconcellos, Paulo Annes Gonçalves, Ptolomeu de Assis Brasil e Sebastião Dornelles.
 Fundada inicialmente como ACCC – Associação de Criadores de Cavalos Crioulos – a instituição iniciou suas atividades nomeando uma comissão de criadores para classificar os animais inscritos para inspeção. Os cavalos considerados crioulos passavam a fazer parte do stud book da raça, dando assim início a padronização e perpetuação dos cavalos crioulos brasileiros. No ano de 1935, a ABCCC começou a tomar corpo. Em janeiro, o stud book crioulo foi cedido pela Associação do Registro Genealógico Sul Rio-Grandense para a entidade, tornando-a mais independente. Com isso, foi preciso alugar uma sede para começar a registrar os animais inspecionados. O local escolhido ficava na rua XV de novembro, 556 e era compartilhada com a Associação Rural de Pelotas.  Veja ata de fundação clicando aqui.

Enraizada e Unificada

No ano de 1944, associações de crioulistas do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile (saiu em 2011)  fundaram a FICCC – Federação Interamericana de Criadores de Cavalos Crioulos – na tentativa de integrar todas as entidades no sul do continente americano. Um ano depois, no dia três de outubro de 1945, foi realizada a primeira Exposição Internacional de Equinos Crioulos, na cidade de Pelotas. O evento buscava por em prática o ideal da FICCC, além de confrontar os cavalos crioulos espalhados pela América para melhorar a raça.
Neste período da história da ABCCC, uma das principais maneiras de difundir a raça crioula junto ao público em geral e conquistar novos criadores era através das exposições e feiras agropecuárias. Estas eram realizadas em municípios do Rio Grande do Sul e em poucas outras cidades em diferentes estados brasileiros. O transporte na época era realizado, em sua grande maioria, por trens ou navios, dificultando seu alcance e abrangência.
Foi desta forma lenta, mas persistente, que a entidade chegou ao ano de 1952. O número de sócios passava a casa dos 370 e quase seis mil cavalos estavam inscritos no stud book. Nesta época, havia se passado mais de 20 anos desde a abertura das inscrições para as inspeções. Depois de prorrogar o fechamento dos registros provisórios por várias vezes, ao longo da década de 1940, a entidade entendeu que estava na hora de encerrar as atividades de inspeção. Quem não fizera até aquele momento, certamente não tinha interesse em certificar seus cavalos. Ficou, então, determinado que o encerramento do registro provisório para os machos seria no dia 31 de dezembro de 1953 e para as fêmeas em 31 de dezembro de 1955. Após estas datas, ingressariam no stud book brasileiro da raça crioula somente filhos de pais devidamente registrados.
Com o encerramento das inscrições, chegava ao fim o primeiro grande desafio da ABCCC. A partir deste momento, a entidade passava a ter outra prioridade: as gerações futuras oriundas das primeiras matrizes do stud book. Era preciso inspecionar os animais inscritos no registro provisório até que estes e seus ascendentes fossem aceitos no registro definitivo. Após vários encontros ao longo da década de 1950, a FICCC, no ano de 1959, estabeleceu o standard da raça para a América, uniformizando e unificando, desta forma, os crioulos em seu território de origem. 

Um Novo Momento

A década de 1970 foi um dos momentos mais importantes da história da ABCCC. Até este período, as exposições de cavalos crioulos proporcionavam, basicamente, competições morfológicas. Foi ao longo destes anos que as provas funcionais começaram a cair no gosto dos criadores e do publico em geral. Era o que estava faltando para provar a qualidade e a funcionalidade do cavalo crioulo, além de impulsionar a entidade.
A primeira prova funcional para éguas crioulas registradas ocorreu em abril de 1971. A partir desta primeira experiência bem sucedida outras começaram a aparecer, como a prova de rédeas e a prova de resistência. A cada ano que passava, surgiam novos adeptos e apreciadores destas modalidades. As provas funcionais foram sendo aprimoradas ao longo da década de 1970, culminando, no ano de 1982, com a criação da prova mais consagrada e cobiçada da ABCCC: O Freio de Ouro. Começava neste ano, uma das histórias de maior sucesso em qualquer associação de animais do país e que viria a contribuir para a aceleração do crescimento e expansão da raça em todo território nacional. Transformada na maior ferramenta de seleção da raça, em 2010, o Freio de Ouro completou 30 anos de existência.
Atualmente, a Associação conta com uma lista de doze modalidades oficiais, regulamentadas para os cavalos Crioulos: Campereada, Crioulaço, Enduro, Freio Jovem, Freio do Proprietário, Freio de Ouro, Marcha de Resistência, Morfologia, Movimiento a La Rienda, Paleteada, Paleteada Internacional e Rédeas.

Ampliando Horizontes

No primeiro ano da década de 1990, a ABCCC foi além de seu campo de atuação e criou a marca Cavalo Crioulo. Além de ser uma fonte extra de renda para a entidade, foi uma forma eficaz de divulgação da raça crioula. O sucesso da grife fez com que, em sete anos, 65 novos produtos fossem lançados e uma loja itinerante fosse montada. A década de 1990 também marcou a entrada da ABCCC na era digital. Em 1991, todo o sistema de registro genealógico foi informatizado, tornando o processo mais ágil e rápido.
Em 1995 a ABCCC vislumbrou a importância da recém-lançada internet e antecipou-se a muitas empresas e entidades. Neste ano, a primeira página eletrônica foi ao ar, mesmo não sendo a internet muito difundida e conhecida do público em geral. Em 2000, com cinco anos de existência, a página da ABCCC registrava uma média de 84 acessos ao dia. Nove anos mais tarde, em 2009, após a criação de uma loja virtual para os produtos da marca Cavalo Crioulo, dos classificados on-line e da abertura do banco de dados para consulta, este número alcançou espantosos sete mil acessos ao dia, batendo recorde a cada ano.
No ano de 2009, foi realizada mais uma aposta da entidade: a TV ABCCC. Inaugurada em julho, a mídia foi disponibilizada para o público em geral através da página eletrônica. Em 2011, o canal se transformou na Cavalo Crioulo WebTV, ferramenta que além de contar com a publicação das provas da entidade, ampliou seu alcance de divulgação para a transmissão de remates e eventos, além das matérias especiais que atingem a todos os criadores, proprietários e apaixonados pelo Cavalo Crioulo.
Entrando na era digital, a ABCCC mostra sua história de 80 anos de sucesso. A história recém começou a ser escrita...
Diogo Coelho

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